Um dos maiores nomes do
teatro contemporâneo, Joël Pommerat ganha primeira montagem brasileira pelas
mãos de Renata Sorrah e da
Cia Brasileira de Teatro
Com estreia marcada para 03 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o espetáculo Esta
Criança tem direção de Marcio
Abreu, assistência de direção de Nadja
Naira e conta ainda com os atores Giovana
Soar, Ranieri Gonzalez e Edson Rocha
“Nada é mais bonito, eu acho, do
que o equilíbrio precário”. Esta frase do dramaturgo e diretor francês Joël Pommerat[1] mostra,
em grandeza e detalhe, o vigor e a delicadeza que se evidenciam em sua
escritura improvável e em suas encenações. Com textos montados em vários
países, aos 49 anos, Pommerat representa uma referência não somente para a dramaturgia
francesa, como também para o teatro mundial: com paciência e minúcia, ilumina momentos
críticos de situações do cotidiano, tão profundos e significativos à biografia
de uma pessoa, como universais na vida do homem contemporâneo. Ao destacar estes
fragmentos de existência, o autor preserva o que neles há de mistério e
igualmente destaca o que trazem de certeza – um jogo que se traduz em leveza e
concretude, gestos e ausência, sombra e luz. A escritura de Joël Pommerat ocupa-se
das relações humanas, sociais, familiares, manifestas na atualidade, filhas
deste tempo em que vivemos, mas, ao contrário de “contar histórias” ou explicar
a “moral” delas, direciona seu foco para a forma de comunicá-las: empenha-se,
na verdade, em revelar a intensidade de um instante, não a representação de um
instante, mas a realidade pungente de um instante que se insinua por entrelinhas
de ação e fala, inação e silêncio, momentos capazes de reportar a uma vida
inteira. Como o próprio autor comenta: “O teatro é a minha possibilidade de
captar o real e de dar ao real um alto grau de intensidade e força. Eu busco o
real”.
[1] Joël
Pommerat começou a escrever aos 23 anos e aos 27 teve seu primeiro texto
teatral premiado. Em 1990, criou a Cia Louis Brouillard, na qual trabalha há
anos com o mesmo time de atores e persegue a meta de uma montagem por ano,
durante 40 anos – sempre atuando na escrita e na direção de suas peças. Seus
espetáculos renderam o prêmio de Literatura Dramática Francesa, três Molières,
sendo um deles o de Melhor Autor Francofônico Vivo, além de várias indicações
ao Molière em diversas categorias. Possui dezenas de publicações, atualmente é artista
associado no Odéon-Théâtre de l’Europe e no Teatro Nacional da Bélgica. O
primeiro passeio cultural “oficial” do Presidente François Hollande foi para
assistir a um espetáculo de Joël Pommerat.
Esta Criança estrutura-se em 10 cenas curtas e apresenta como tema
único, ao mesmo tempo fragmentado em diferentes aspectos de abordagem, a
relação entre pais e filhos. Constrangedoras, engraçadas, tristes, estranhas,
as situações de morte, nascimento, adoção, abandono, agressão, desabafo,
ilustram pontos cruciais e eternos na vida dos personagens sem nome,
reconhecidos apenas pelas relações de parentesco que se tornam aparentes no
desenvolvimento dos diálogos. Ao escrever sobre Esta Criança para o projeto de captação de recursos para montagem, a
jornalista e escritora Bia Corrêa do Lago observa que “Em cada cena, mães, pais
e filhos vivem seus dramas em torno desta fonte milenar de felicidade e
infelicidade: a família. As ações se passam com a desconfortável naturalidade
dos acontecimentos cotidianos”. Renata Sorrah destaca o caráter universal do
texto: “Reconheço aquelas mães, aqueles pais, as relações são tão
reconhecíveis! Esta Criança aponta
problemas que as pessoas não resolvem porque se preocupam com outras coisas,
porque não enxergam que estes mesmos problemas são a própria vida”.
Marcio Abreu compreende a escritura
de Joël Pommerat indissociável da própria comunicação cênica, quando reflete
que “forma e conteúdo se misturam para criar um material estético que estimula
a imaginação e a sensibilidade. Esta
Criança é uma obra essencial, contemporânea. Propõe ao encenador e aos
atores uma linguagem precisa e ao mesmo tempo aberta à criação”. Neste sentido,
o trabalho da Companhia Brasileira de Teatro aproxima-se da proposta do autor
francês, quando este conduz o ator à escuta dentro si mesmo com o objetivo de permitir
brotar, neste lugar, a ação real e exata movida pelo conflito. Esse trabalho de
extrema concentração encontra seu duplo quando consegue unir atores e público numa
mesma vivência, quando agrega à cena a subjetividade e a presença do
espectador, já que “o ator no seu momento presente está envolto pelo olhar do
outro, o público”, segundo o próprio Pommerat. E é justamente essa “relação com
o real” que pode colocar o outro (o público) em um estado propício para revelar-se
uma realidade que, talvez, até então, desconhecesse. Para Marcio, Esta Criança é uma montagem desafiadora
porque exige ser contemplada em amplitude e profundidade, mas com olhar atento
à manutenção da simplicidade.
Trajetória:
# Novembro 2012 a Janeiro de 2013 - estréia e temporada no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB - Rio de Janeiro
# Março 2013 - estréia e temporada no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB - Brasília
Prêmio e Indicações
Cinco Indicações ao 25º Prêmio Shell Rio de Janeiro
Diretor - Marcio Abreu
Atriz - Renata Sorrah
Iluminação - Nadja Naira
Cenário - Fernando Marés
Trilha Sonora - Felipe Storino
Cinco Indicações ao 2º Prêmio questão de Critica 2013
Ator - Ranieri Gonzalez
Atriz - Renata Sorrah
Cenário - Fernando Marés
Elenco - Renata Sorrah, Giovana Soar, Ranieri Gonzalez e Edson Rocha
Espetáculo - Esta Criança
# Março 2013 - estréia e temporada no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB - Brasília
Prêmio e Indicações
Cinco Indicações ao 25º Prêmio Shell Rio de Janeiro
Diretor - Marcio Abreu
Atriz - Renata Sorrah
Iluminação - Nadja Naira
Cenário - Fernando Marés
Trilha Sonora - Felipe Storino
Cinco Indicações ao 2º Prêmio questão de Critica 2013
Ator - Ranieri Gonzalez
Atriz - Renata Sorrah
Cenário - Fernando Marés
Elenco - Renata Sorrah, Giovana Soar, Ranieri Gonzalez e Edson Rocha
Espetáculo - Esta Criança
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